Hospital veterinário
público do Tatuapé ``perde” cachorro que sofreu maus-tratos
19 de
setembro de 2012 às 16h20min.
Por Paola
Del Giorno, advogada.
O Negão é um
Rottweiller que foi espancado pelo “proprietário” dentro de uma Kombi até
chegar ao ponto ter sua mandíbula e maxilares quebrados, ter perdido quase
todos os dentes, ter ficado com confusão mental e cegueira, sequelas das
pancadas na cabeça. O caso ficou conhecido, pois foi pauta do programa “Balanço
Geral” da Rede Record no dia 04/09.
Negão
(Imagem: Divulgação)
Dia 01/09,
os vizinhos tomaram conhecimento do espancamento do animal e intercederam
chamando força policial. Na mesma data, Negão foi levado ao Hospital
Veterinário Público do Tatuapé que foi implementado pela prefeitura em convênio
com a Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais
(Anclivepa-SP), onde permaneceu internado para tratamento.
De acordo
com informação que me foi passada pela Dra. Natália em 05/09, quando fui
visita-lo no hospital, o Negão havia sido submetido à cirurgia de reconstrução
da mandíbula e maxilar com próteses de resina. Estava com dificuldade de se
alimentar devido às fraturas e ausência de dentes, motivo pelo qual, iniciei
uma campanha para arrecadar latinhas de ração e papinhas de bebê para levar pro
Negão. Ninguém estava responsável pela internação dele. Deixei meu nome e
telefone com a atendente Juliana, que ficou de verificar com a diretoria do
Hospital a possibilidade de me deixarem responsável por ele. Fui informada que
eu só poderia visita-lo após o feriado, ou seja, a partir de 10/09. Coloquei-me,
ainda, como interessada na adoção dele tão logo ele tivesse alta.
Na data de
11/09, fui visitar e levar as dezenas de doações recebidas no Hospital
Veterinário, quando tive a seguinte informação: o Negão FUGIU em 07/09 –
sexta-feira – durante o transporte dos animais para o novo prédio onde ficaria
o setor de internação. Após esperar quase 3 HORAS por uma explicação sobre o
ocorrido, a Dra. Tamiris Vilela me atendeu quando apresentou a seguinte
justificativa: as duas pessoas que estavam realizando o transporte ficaram com
MEDO do cachorro, pois ele “estava chegando com a boca muito perto da grade da
gaiola”, e quando a gaiola foi colocada no chão a portinha se abriu e o animal
escapou. Ainda de acordo com a Dra. Tamiris, vários veterinários pegaram seus
carros e foram atrás do Negão, e perto do Clube do Corinthians chegaram a
cercá-lo por 3 vezes, mas foi impossível resgatá-lo, pois ele ameaçava atacar.
Questionei o
fato de um animal com mandíbula e maxilares quebrados e praticamente sem dentes
conseguir MACHUCAR uma pessoa num possível ataque; como eles, na condição de
veterinários, que têm prática no manuseio, não conseguem resgatar um animal; e
qual é o tipo de gente contratada para realizar esse transporte, já que seria
um pré-requisito essencial, que essas pessoas não tivessem MEDO de cachorros e
tivessem experiência ao lidar com os mesmos.
Não obtive
resposta alguma. No entanto, a própria Dra. Tamiris concordou ser inadmissível
uma situação dessas.
O que me
resta diante dessa situação é demonstrar toda a minha INDIGNAÇÃO e mais ainda,
minha TRISTEZA e MEDO de imaginar o que pode acontecer a um animal nessas
condições (fraturado, em recuperação de cirurgia, babando, sangrando, sem
dentes, parcialmente cego, com sequelas neurológicas e naturalmente, agressivas
por conta do medo) vagando pelas ruas.
O Hospital
precisa e deve ser RESPONSABILIZADO por esse acontecimento, uma vez, que o
serviço que eles prestam “gratuitamente” à população de baixa renda, não se
trata de um FAVOR. Cabe salientar, que o Anclivepa-SP recebe um repasse mensal
de R$ 600 mil reais.
Negão
escapou com uma coleira de couro marrom, uma atadura em volta do pescoço,
acesso venoso na pata preso com esparadrapos. Foi visto pela última vez próxima
ao clube do Corinthians, na Marginal Tietê, na sexta-feira, dia 07 de setembro.