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Sou um apaixonado por Bulldog Francês comecei com uma fêmea e agora estou criando a raça por motivo de ser um cachorro de temperamento tranquilo e companheiro Estamos providenciando o nosso próprio canil logo com muitos filhotes de qualidade para nossos amigos e clientes. Venho por meio deste blog, informar as pessoas sobre algumas duvidas que já tive também, sobre doenças e outras coisas, por isso dedico algum tempo do meu dia pra procurar matérias sobre a raça e doenças em geral, escrever algumas coisas que já passei criando a raça. Espero com isso ajudar as pessoas. André Sanches. safemi

sábado, 25 de agosto de 2012


 


Abordagem ultrassonográfica da neoplasia mamária em cadelas: revisão de literatura
Marcus Antônio Rossi

Feliciano1, Wilter Ricardo Russiano Vicente2,

Carlos Artur Lopes

Leite3, Tatiana Silveira4

Resumo



O objetivo desta revisão é demonstrar a importância do exame ultrassonográfico na avaliação de

neoplasias mamárias em caninos e descrever alguns estudos recentes em medicina humana que podem ser

considerados em medicina veterinária. O conhecimento das características ultrassonográficas das glândulas

mamárias e sua anatomia podem auxiliar no diagnóstico e na detecção de metástase em órgãos abdominais. Com

o auxílio de modos Doppler em cores e o exame tridimensional, em medicina veterinária, o exame

ultrassonográfico das glândulas mamárias poderá apresentar maior ganho em sua importância como método de

diagnóstico.


 
Introdução


Os tumores mamários caninos constituem, aproximadamente, 52% de todos os tumores que afetam as

fêmeas desta espécie, sendo que aproximadamente 50% dos tumores mamários são malignos. A maioria das

cadelas que apresentam a neoplasia tem idade compreendida entre oito e dez anos, no entanto, podem surgir

tumores malignos em cadelas com menos de cinco anos de idade. Não existe uma predisposição racial evidente,

embora as raças de caça sejam apontadas, por alguns autores, como tendo maior predisposição para esta

patologia. Sabe-se apenas que os animais das raças Boxer e Beagle são referidos como aqueles que apresentam

menor risco de desenvolverem tumores de mama (Queiroga e Lopes, 2002).

Na gênese das neoplasias mamárias estão envolvidos fatores de natureza genética, ambiental e

hormonal. O papel dos hormônios sexuais na patogênese destas neoplasias está extensamente estudado e

estabelecido, sendo que a castração, até o segundo cio, diminui a incidência dessas neoplasias (Queiroga e

Lopes, 2002).

Estudos detectaram receptores para estrógeno, progesterona, andrógenos, prolactina e para o fator de

crescimento epidermal em tumores de mama de cadelas, havendo também a coexistência desses receptores numa

mesma neoplasia (Silva


et al., 2004). Complementando, Fonseca e Daleck (2000) relatam que receptores de


estrógeno e de progesterona têm sido identificados em tecido mamário normal, em neoplasias benignas e em

carcinomas de cadelas.

De acordo com Fonseca e Daleck (2000), a prolactina estimula o crescimento do tumor mamário, por

meio da sensibilização celular aos efeitos do estrógeno, promovendo aumento no número de receptores de

estrógeno. Tanto o estrógeno quanto a prolactina são necessários ao crescimento de tumores mamários. A

progesterona apresenta ação carcinogênica quando seus níveis estão aumentados por períodos prolongados.

Queiroga e Lopes (2002) comentam que, recentemente, têm sido apontados alguns fatores nutricionais

como promotores da carcinogênese. Esta correlação entre os fatores nutricionais e as neoplasias mamárias está

diretamente relacionada com a obesidade. Segundo esses autores, um estudo mostrou que cadelas obesas, entre


Feliciano


et al. Abordagem ultrassonográfica da neoplasia mamária em cadelas: revisão de literatura.


Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.32, n.3, p.197-201, jul./set. 2008. Disponível em www.cbra.org.br 198


os nove e os 11 meses de idade, apresentam maior risco de desenvolverem tumores de mama na idade

adulta que cadelas não obesas.

A cadela apresenta, em média, cinco pares de glândulas mamárias. A drenagem linfática dos tumores

mamários caninos é complexa, tendo sido demonstrada a existência de comunicações linfáticas entre a cadeia

mamária direita e a cadeia mamária esquerda e entre glândulas adjacentes de uma mesma cadeia, contribuindo

para a ocorrência de metástases (Queiroga e Lopes, 2002).

Esses autores descrevem também que, em regra, o tamanho dos tumores pode variar desde pequenos

nódulos com 0,5 cm de diâmetro até tumores com mais de 15 cm no seu maior diâmetro. Em alguns animais, o

tumor pode apresentar ulceração cutânea ou sinais evidentes de inflamação. Ao exame físico, as duas cadeias

mamárias e os linfonodos regionais devem ser explorados. As radiografias torácicas são recomendadas para

avaliar a existência de metastização, assim como a ultrassonografia abdominal. O diagnóstico definitivo baseiase

no resultado histopatológico da biópsia.

A primeira referência na literatura ao uso do exame de ultrassom para avaliação das glândulas mamárias

data de 1951, em medicina humana. O exame ultrassonográfico, atualmente, além de usado para avaliação, é

recomendado na intervenção nas mamas (Calas


et al., 2007). O uso do ultrassom na neoplasia mamária, em


medicina veterinária, é indicado também para avaliar o acometimento de linfonodos, como o axilar e o inguinal

superficial (Zuki e Boyd, 2004).

O objetivo desta revisão é demonstrar a importância do exame ultrassonográfico na avaliação de

neoplasias mamárias em caninos e descrever alguns estudos recentes em medicina humana que podem ser

considerados em medicina veterinária.


Aspectos ultrassonográficos dos tumores de mama


Na cadela, as características dos tumores mamários, como composição tecidual e vascularização, podem

estar relacionadas aos achados ultrassonográficos (Nyman


et al., 2006a). Segundo Siqueira (2006), em um


estudo em mulheres, a ultrassonografia permitiu acesso ao tumor em seu maior eixo, além da medida direta sem

ampliação da lesão e, ainda, forneceu informações sobre fenômenos de infiltração ductal, caracterizada por

dilatação assimétrica do ducto, distorção ductal, conteúdo sólido fixo e/ou vegetante endoductal e alterações de

parede do ducto. Além disso, alguns tumores não palpáveis ao exame físico podem ser detectados (Calas


et al.,


2007).

Barra


et al. (2004) citam que a ultrassonografia é, particularmente, em medicina humana, útil na


diferenciação de lesões císticas e sólidas, mas não pode ser utilizada como teste diagnóstico definitivo na

abordagem de lesões sólidas, devido à sobreposição significativa nas características de tumores benignos e

malignos.

Na avaliação ultrassonográfica das glândulas mamárias das cadelas, visualizam-se a ecogenicidade, a

ecotextura, os limites, a compressibilidade, o tamanho, a arquitetura do parênquima e as alterações em tecidos

vizinhos. Para a maioria dos autores, tecidos com margens regulares representam o principal critério para

definição de uma lesão como benigna. A forma oval ou elipsoide é mais indicativa de tumor benigno (Fig. 1). As

características de malignidade, descritas pela literatura, são margens irregulares e sombra acústica. Tumores

malignos, geralmente, apresentam ecogenicidade heterogênea (Fig. 2 e 3), enquanto nos benignos o padrão

ecogênico é homogêneo (Bulnes


et al., 1998; Calas et al., 2007).


Ainda em relação à diferenciação entre nódulos sólidos benignos e malignos, Paulinelli


et al. (2002) e


Lucena (2006) postulam que a heterogeneidade dos ecos internos, contornos irregulares, bordas pouco nítidas,

contraste mais nítido com o parênquima adjacente, atenuação acústica posterior, espessamento ou retração da

pele, distorção arquitetural adjacente ao nódulo, espiculações e visibilidade de calcificações devem ser

considerados como critérios sugestivos de malignidade.

Além de um método complementar de diagnóstico, a ultrassonografia pode ser utilizada para avaliação

da mama operada, com o objetivo de individualizar recidivas eventuais e/ou complicações secundárias ao

tratamento cirúrgico, como hematomas e seromas, em mulheres. Outra função é servir como guia de

procedimentos diagnósticos, como a punção aspirativa por agulha fina (Siqueira, 2006).

A qualidade do procedimento é altamente dependente do conhecimento do operador. Trata-se ainda de

um método simples, de rápida realização, não invasivo, seguro e de baixo custo. A sonda apropriada para o

exame ecográfico das mamas é a de alta resolução (7,5 a 13MHz), tanto para seres humanos quanto para a

cadela, favorecendo uma boa interface material-mama, mas limitando o campo de exploração a uma pequena

parte do volume mamário. No entanto, a exploração em vários planos permite estudar a totalidade da glândula

com cuidado e em tempo razoável (Siqueira, 2006; Calas


et al., 2007; Trasch et al., 2007). Apesar de ainda


existirem controvérsias, a maioria dos autores concorda que, com os equipamentos atuais, lesões sólidas com

mais de 5mm podem ser adequadamente avaliadas por ultrassonografista experiente (Paulinelli


et al., 2002).


O exame ultrassonográfico também apresenta limitações, quando, por exemplo, a dimensão do tumor

excede o campo de visão do transdutor ou quando a margem posterior de lesões maiores apresenta difícil

visibilidade devido à inadequada penetração. Sua maior limitação, porém, é sua inabilidade de detecção de


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et al. Abordagem ultrassonográfica da neoplasia mamária em cadelas: revisão de literatura.


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microcalcificações e de lesões muito pequenas (menores que 5mm de diâmetro), podendo ocorrer resultados

falso-negativos (Siqueira, 2006; Calas


et al., 2007; Trasch et al., 2007).


Figura 1. Imagem ultra-sonográfica, obtida com transdutor de 3,75MHz, aparelho ultrasonográfico

Toshiba SSH-140A, de nódulo em glândula mamária de uma cadela. Observe a

presença de estrutura ovóide com ecogenicidade homogênea em parênquima mamário


(seta),


sugestiva de neoplasia benigna.

Figura 22 Imagem ultra-sonográfica, obtida com transdutor de 3,75MHz, aparelho ultrasonográfico

Toshiba SSH-140A, de nódulo em glândula mamária de uma cadela. Note a

presença de estruturas císticas em parênquima mamário (setas), caracterizando o padrão

misto da ecogenicidade, sugestivo de neoplasia maligna.

Segundo Martins


et al. (2002), o modo Doppler colorido, associado à ultrassonografia convencional, é


capaz de avaliar a vascularização tumoral por meio de diversos parâmetros: mensuração da velocidade máxima

do fluxo na sístole e sua média, velocidade sistólica mínima, quantificação do número de vasos, soma das


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et al. Abordagem ultrassonográfica da neoplasia mamária em cadelas: revisão de literatura.


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velocidades máximas dos vasos e sua média, relação entre sístole e diástole máxima e mínima e sua média,

médias das velocidades e determinação dos índices de resistência e de pulsatilidade e de suas médias.

O desenvolvimento de vasos patológicos em carcinomas, devido à resposta a fatores angiogênicos, pode

levar à diminuição da resistência do fluxo sanguíneo intratumoral. Esta característica dos tumores permitiu

levantar a hipótese de que o Doppler seria capaz de distinguir lesões malignas de benignas.

Os princípios do Doppler no tumor de mama baseiam-se no aumento da vascularização e da

neovascularização nas neoplasias (Silva, 2000; Trasch


et al., 2007). As lesões malignas costumam apresentar


maior vascularização que as benignas e, às vezes, é possível observar neovascularização no interior dos tumores

malignos. Adicionalmente, a vascularização está relacionada com a invasividade (Paulinelli


et al., 2003; Nyman


et al



., 2006b).


Embora haja discordâncias, alguns autores consideram que a Dopplervelocimetria colorida associada à

ultrassonografia convencional tem mostrado alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico dos tumores

mamários. A sensibilidade do método em diferenciar tumores benignos de malignos varia entre 91 a 95%, com

especificidade de 89 a 97% e acurácia de 90% (Martins


et al., 2002). Por outro lado, nos estudos realizados em


mulheres, por Paulinelli


et al. (2003), o modo Doppler em cores mostrou pouco ganho adicional na acurácia, em


relação à ultrassonografia convencional.

Figura 3. Imagem ultra-sonográfica, obtida com transdutor de 3,75MHz, aparelho ultrasonográfico

Toshiba SSH-140A, de nódulo em glândula mamária de uma cadela. Note a

presença de estrutura cística (seta) e perda do padrão ecogênico em parênquima mamário,

sugestivos de neoplasia maligna.

A mudança na vascularização detectada pelo exame Doppler pode ser também um indicador de

regressão do tumor, oferecendo informações adicionais no estudo da evolução dos tumores mamários (Martins


et


al



., 2002).


Como método inovador em seres humanos, Paulinelli


et al. (2003) descrevem também o emprego da


ultrassonografia tridimensional na avaliação intraductal de tumores mamários, tendo a descrição do volume

tumoral a maior característica deste exame. Este método pode ser uma alternativa em medicina veterinária, com

a inclusão da técnica tridimensional no diagnóstico por imagem em pequenos animais, como mostram os estudos

de Feliciano


et al. (2007).


A ultrassonografia, em pequenos animais, é um método de diagnóstico por imagem muito importante na

rotina do veterinário. O conhecimento das características ultrassonográficas dos tecidos e sua anatomia podem

auxiliar no diagnóstico de várias enfermidades.

A frequência do uso da ultrassonografia no diagnóstico de neoplasia mamária em cadelas ainda é

restrita, particularmente pela falta de estudos que correlacionem os achados macroscópicos e microscópicos das


Feliciano


et al. Abordagem ultrassonográfica da neoplasia mamária em cadelas: revisão de literatura.


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neoplasias com as imagens ultrassonográficas. Este método de diagnóstico é mais amplamente utilizado para a

detecção de metástase em órgãos abdominais.

Em medicina humana, algumas técnicas como aquelas descritas anteriormente estão sendo utilizadas

para complementar o exame ultrassonográfico das mamas. Estas técnicas são de grande valia no diagnóstico e

acompanhamento da clínica oncológica. Incorporando essas técnicas complementares em medicina veterinária, o

exame ultrassonográfico das glândulas mamárias passará a ter maior importância como método de diagnóstico.


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