Bebês criados com cães têm menos doenças respiratórias
Crianças que mantêm contato com animais produzem mais
anticorpos e, portanto, ficam mais protegidas contra infecções.
Além de grandes
amigos, os cachorros agora podem ser bons aliados para proteger bebês de
doenças respiratórias durante o primeiro ano de vida. É o que revela um estudo
realizado por pesquisadores da Finlândia e da Alemanha divulgado no jornal
Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria.
A pesquisa acompanhou 397 crianças desde a gestação até 1
ano de idade e concluiu que os pequenos que possuíam cachorros em casa tiveram
menos problemas do aparelho respiratório ou de infecções do que aqueles sem
exposição ao animal. Além disso, eles também ficaram menos vulneráveis a
contrair otites (inflamação no ouvido), rinites e tendiam a fazer menos uso de
antibióticos.
Prevenção
Bichos precisam ser bem cuidados e estar com a higiene em
dia
Ainda que as conclusões da pesquisa mostrem bons motivos
para ter um cachorro e um gato em casa, o pediatra e membro da diretoria de
defesa profissional da Sociedade Paranaense de Pediatria Luiz Ernesto Pujol
ressalta que elas não são totalmente definitivas, pois fazem parte de
impressões científicas buscadas pela Medicina.
De acordo com o infectologista pediátrico do Hospital
Pequeno Príncipe Victor Horácio de Souza Costa Júnior, os problemas
respiratórios como amigdalite, bronquite, pneumonia e rinite alérgica são
comuns no primeiro ano de vida, mas nem por isso os animais são sempre a melhor
opção para evitar esses tipos de complicações. “Os pais não podem ignorar que
manter bichos em casa não é uma situação totalmente inofensiva. O animal tem de
ser bem cuidado, tem de ter boa higiene e é importante lembrar também que ele
elimina pelo, o que nem sempre é bom para a saúde”, analisa.
O pediatra e membro da diretoria de defesa profissional da
Sociedade Paranaense de Pediatria Luiz Ernesto Pujol relata que os resultados
podem ser explicados pelo fato de que o bebê, ao manter contato com o bicho,
produz mais anticorpos. “O que acontece é uma sensibilização. As crianças são
expostas naturalmente a uma série de agentes agressivos e vão, aos poucos,
criando resistência, como se fosse uma espécie de ‘vacina’ natural.”
O menino Pedro Henrique Massochetto de Lima, de 5 anos, é um exemplo de que os
resultados da pesquisa podem mesmo ser uma justificativa para manter os cães
dentro de casa. Desde que estava na barriga da mãe, cachorros e gatos já faziam
parte da família, e, quando ele nasceu, os pais não evitaram que se
relacionasse frequentemente com os animais. “Nunca tivemos problemas em manter
bichos perto do Pedro. Desde bebê, ele sempre teve uma imunidade espetacular e,
até hoje, dificilmente fica resfriado”, afirma Ricardo Braga de Lima, pai do
garoto.
Felinos
Paralelamente, os cientistas analisaram o efeito do convívio
dos participantes com gatos, e as conclusões mostraram que a convivência com
felinos também aumenta a proteção de infecções respiratórias, porém de maneira
menos eficiente do que com cães. A resposta para isso os autores desconhecem,
mas eles lembram que trabalhos anteriores já haviam mostrado que a relação com
os bichanos pode proteger bebês e crianças mais velhas contra a falta de ar.
Para Lima, poder permitir liberdade entre o filho e o bicho
de estimação sempre foi algo satisfatório. “O Pedro já nasceu abraçado a
cachorro e a gato. Quando era bebê, ele pegava a gatinha que tínhamos e saía
pela casa. Até hoje eu deixo que ele faça tudo, brincar, pegar no colo, beijar,
e acho ótimo que ele tenha essa ligação. Desde que ele saiba, claro, respeitar
os limites do animal.”
Animal não é brinquedo
Animais de estimação são divertidos, companheiros e, ainda
por cima, podem ajudar a manter a saúde das crianças. Mas é preciso tomar
alguns cuidados, porque, afinal, cão e gato não são brinquedos e exigem atenção
redobrada quando frequentam o mesmo espaço que os pequenos.
Na hora de decidir trazer um animal para casa, tanto pais
como filhos precisam compreender e se adaptar à rotina dele. Geralmente,
crianças mais ativas precisam de cães mais ativos, e aquelas mais tranquilas,
de cães mais acomodados, segundo o diretor do Hospital Veterinário Santa
Mônica, Roberto Lange.
O diretor ainda acrescenta que é imprescindível que os pais
estejam cientes de que estão assumindo uma grande responsabilidade quando
resolvem adotar um bichinho para o filho. “Num primeiro momento, a criança vai
ter um apego enorme, mas aos poucos ela o vai deixando de lado e os pais
precisam ficar atentos para ensiná-la a cuidar do novo membro da família com
seriedade. Quando o filho é muito novo e ainda não tem noção do que é o animal,
a tarefa é mais difícil.”
Em casa, Pedro Henrique e o irmão, Luiz Guilherme, de 3
anos, dividem todas as responsabilidades em relação ao cachorro. Ricardo Braga
de Lima, pai dos meninos, afirma que os filhos são responsáveis por tudo o que já está ao alcance deles. “O
cachorro é deles, então eles têm de ajudar na alimentação, dar água e até
cuidar da limpeza da casinha e avisar quando a ração e os produtos de higiene
estão acabando. Vejo como um grande aprendizado.”
fonte: GAZETA DO POVO
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