NOVIDADES SOBRE O CÃO E SUAS ORIGENS
Cientistas sustentam que a diferença genética entre lobos e cães é menor que 0,2%, confirmando o conhecimento de que o lobo e o cão são do mesmo gênero e da mesma espécie Canis lupus. Isso significa que o cão doméstico surgiu do lobo e que deste é, no máximo, uma raça ou variedade ou uma subespécie. Por causa disso, o antigo nome científico do cão Canis familiaris, dado por Linaeus em 1758, foi trocado para Canis lupus familiaris.
Estudo publicado na “Nature Communications” revelou que os cães teriam sido domesticados há 32 mil anos atrás, quase o dobro do que se acreditava. E isso gerou um impacto na genética dos animais e dos homens, que foi ficando muito parecida em alguns aspectos. A teoria confirma que os cães de autodomesticaram para serem mais aceitos pelos humanos, que por sua vez também se adaptaram aos animais.
Desta forma, os lobos se aproximaram dos homens pela necessidade do alimento. Supõe-se que os mais agressivos foram sendo eliminados pelo perigo que representavam, e forma sendo selecionados os animais mais mansos e adaptados ao convívio com o homem.
A domesticação impôs uma seleção nos genes envolvidos na digestão e metabolismo dos lobos domesticados, levando-os a se transformarem de carnívoros estritos para onívoros. Daí explica-se que atualmente não se deve submeter os cães atuais a dietas apenas proteica, advinda do consumo exclusivo de carne, pois eles não são possuem mais um aparelho de carnívoro estrito.
Entre as modificações, há genes que estão envolvidos no metabolismo da gordura ou amido. Um deles leva à produção da alfa-amilase, uma enzima que degrada o amido em açúcar e a maltose cadeias mais curtas de hidratos de carbono. Cães carregam muitas cópias deste gene mais do que os lobos, concluem os cientistas – e da atividade alfa-amilase em seus tecidos é cinco vezes maior.
Abrindo um parêntese nesta exposição científica, fica o fato que os animais de companhia tanto cães como gatos, pela observação no dia a dia no atendimento dos pacientes, por uma série de fatores, têm tido menos atividade para gastarem sua energia, e por outro lado, têm ingerido mais alimento do que suporta seu metabolismo. O excesso de peso, tal como ocorre no ser humano, pode estar levando ao aparecimento das doenças metabólicas, embora não seja o único fator. Mas isto é uma suposição baseada na observação, é claro que seriam necessários muitos estudos científicos para comprovar isso. Porém, não é à toa que as rações industrializadas contém em suas embalagens, a quantidade ideal a ser administrada por dia.
O resultado desta adaptação e seleção genética é que muitas doenças atuais são similares no homem e no cão. Outros genes, são ativos na região na córtex pré-frontal, onde os mamíferos tomam decisões sobre comportamento. Também ocorreu um aumento das conexões entre os neurônios.
Um gene em particular chamado SLC6A4, é responsável pela codificação da proteína que transporta o neurotansmissor serotonina, relacionado à agressão. Este gene, em outros estudos mostrou-se relacionado ao comportamento agressivo e o transtorno obssessivo-compulsivo não apenas no homem como também em cães. Devido a isso, deduz-se que hoje em dia, cruzamentos de cães agressivos, podem gerar filhotes com características insesejáveis, tornando-os pouco adaptados ao convívio social. Da mesma forma, cães que forma ao longo do tempo selecionados para luta e guarda, podem ser perigosos, e tais acasalamentos devem ser monitorados pelos criadores, evitando conflitos que geram o abandono ou sacrifício destes cães inadaptáveis.
Mudança semelhante foi constatada nos homens, indicando que nos tornamos mais tolerantes e menos agressivos, para conseguir a convivência em grupo.
Para os cientistas, o estudo da base genética de diversas doenças em cães pode ajudar na compreensão de doenças similares em humanos. O que vemos é um aumento significativo de endocrinopatias, envolvendo a tireoide, adrenais, pâncreas e sistema reprodutivo, e isto envolve homens e cães.
Existem mais de 800 raças de cães, reconhecidas por vários clubes em todo o mundo. Há alguns tipos básicos de raça que têm evoluindo gradualmente seu relacionamento com os seres humanos ao longo dos últimos 10.000 anos ou mais, mas todas as raças modernas são, relativamente, derivações recentes. Muitos destes são o produto de um deliberado processo de seleção artificial. Devido a isto, algumas raças são altamente especializadas, e há extraordinária diversidade morfológica entre diferentes raças.
Fontes consultadas:
Jornal “O Globo”17/05/2013, p. 32
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