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Sou um apaixonado por Bulldog Francês comecei com uma fêmea e agora estou criando a raça por motivo de ser um cachorro de temperamento tranquilo e companheiro Estamos providenciando o nosso próprio canil logo com muitos filhotes de qualidade para nossos amigos e clientes. Venho por meio deste blog, informar as pessoas sobre algumas duvidas que já tive também, sobre doenças e outras coisas, por isso dedico algum tempo do meu dia pra procurar matérias sobre a raça e doenças em geral, escrever algumas coisas que já passei criando a raça. Espero com isso ajudar as pessoas. André Sanches. safemi

sexta-feira, 15 de março de 2013

ESPOROTRICOSE

ESPOROTRICOSE EM UM CANINO 

A esporotricose é uma doença granulomatosa crônica de significado mundial causada
pelo fungo saprófita dimórfico Sporothrix schenckii (TABOADA, 2004). Acomete o homem e
várias espécies de animais, sendo os felinos mais freqüentemente infectados pelo agente. É
um fungo geofílico, que se apresenta na forma micelial, entre 25oC e 30oC, considerado
saprófito de cascas de árvore e de solos ricos em matéria orgânica e vegetação. Na forma
parasitária, a 37oC, passa à levedura, crescendo em lesões dermo-epidérmicas, viscerais e
ósseas. É considerada a micose subcutânea mais freqüente da América do Sul (KWONCHUNG & BENNETT, 1992).
A micose é freqüentemente adquirida através da inoculação traumática de vegetais ou
matéria orgânica contaminada (KWON-CHUNG & BENNETT, 1992), mas a inalação, a
aspiração ou a ingestão do fungo também podem produzir doença (BRUM et al., 2007). Os
felinos, pelo hábito de cavar buracos e afiar suas garras em troncos de árvores, podem
tornar-se portadores do agente e assim infectar outros animais e o homem (IKEDA &
OTSUKA, 2000). A esporotricose canina tem potencial zoonótico mínimo (TABOADA, 2004). Fazendeiros, jardineiros, silvicultores, proprietários, tratadores de animais, médicos
veterinários e enfermeiros possuem risco aumentado de infecção (BRUM et al., 2007).
A infecção ocorre de três principais formas: doença cutânea, cutaneolinfática e
disseminada. No cão, a infecção geralmente é cutânea ou cutaneolinfática. A doença
disseminada é rara e em geral acompanha imunossupressão com corticóides. A forma
cutaneolinfática é comum no gato, e a disseminação é observada em mais de 50% dos
casos em felinos (TABOADA, 2004).
O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de esporotricose canina
atendida no Hospital de Clínicas Veterinária UFPel, evidenciando os aspectos clínicos,
métodos de diagnóstico e a eficácia da terapia realizada.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinária da Universidade Federal de Pelotas
(HCV-UFPel), um canino, fêmea, sem raça definida, 3 anos de idade, com histórico de
aumento de volume da região nasal há aproximadamente 5 meses. O proprietário relatou
que o animal apresentava prurido (onde?), emagrecimento progressivo, dispnéia, secreção
nasal serosa e espirros. À inspeção notou-se que o animal apresentava áreas ulceradas,
exsudativas e crostosas na região nasal.
No exame físico geral não se constatou alterações nos sinais vitais. À palpação, os
linfonodos submandibulares, pré-escapulares e poplíteos encontravam-se aumentados.
Coletou-se sangue para a realização de hemograma e bioquímica sérica e realizou-se exame
radiológico da região nasal para avaliação das estruturas ósseas.
Para o diagnóstico definitivo foi coletada amostra do exsudato com um swab estéril
para cultura e isolamento fúngico. O animal foi anestesiado e submetido a uma biopsia
incisional para a análise histopatológica. O material foi enviado para o Laboratório Regional
de Diagnóstico (LRD) da Universidade Federal de Pelotas.
 O animal foi submetido à terapia hospitalar com itraconazol (10mg/kg a cada 24 horas
durante 30 dias), enrofloxacina (5mg/kg a cada 24 horas durante 10 dias) sucedida por
cefalexina (30mg/kg a cada 12 horas durante 10 dias) e complexo vitamínico.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O hemograma revelou acentuada anemia (hematócrito de 25%) e não foram
encontrados alterações nos parâmetros fisiológicos de uréia e creatinina. Em função dos
achados hematológicos optou-se pela utilização de estimulantes do apetite e da eritropoiese.
O fungo Sporothrix schenckii foi isolado das amostras enviadas para o laboratório de
micologia, embora Taboada (2004) refira que as lesões nos cães contêm pouquíssimos
microorganismos. Na histopatologia, não foi possível a visualização do fungo pela coloração
PAS, embora Jones et al. (2000) afirmassem que os microorganismos ficam evidenciados
como pequenas leveduras em forma de charuto quando corados por esta técnica. O laudo
histopatológico revelou dermatite pio-granulomatosa focalmente extensiva com ulceração,
compatível com o quadro de esporotricose (MEDLEAU & HNILICA, 2003). Não foi constatado
comprometimento da estrutura óssea no exame radiológico.
É relevante destacar que o diagnóstico diferencial inclui outros granulomas
infecciosos, granulomas por corpo estranho e neoplasias (BRUM et al., 2007).
 No paciente em questão a terapia instituída foi a base de intraconazol, o que vem ao
encontro de Taboada (2004), que afirma que os cães costumam apresentar boa resposta ao
iodeto de potássio (40mg/kg a cada 8-12 horas), ao cetoconazol e ao itraconazol (10mg/kg a cada 12-24 horas). Utilizou-se antibiótico para combater a dermatite bacteriana secundária
presente na lesão do focinho.
4. CONCLUSÕES
O diagnóstico de esporotricose em cães mostra-se um desafio para o médico
veterinário devido às dificuldades na identificação do agente etiológico, na diferenciação de
outras enfermidades cutâneas com aparência clínica semelhante e a baixa casuística nessa
espécie, principalmente quando comparado aos felinos.
A terapia instituída visou à recuperação orgânica do paciente e a terapia específica
para a enfermidade, baseada num antifúngico sistêmico eficaz e com poucos efeitos
colaterais. A antibioticoterapia instituída mostrou-se indispensável para o controle da
infecção bacteriana secundária à lesão.
O diagnóstico precoce e a instituição da terapia adequada diminui o potencial
zoonótico da enfermidade e melhoram os resultados terapêuticos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUM, L.C. et al. Principais dermatoses zoonóticas de cães e gatos Clínica Veterinária, n.
69, p. 29-46, 2007.
JONES, T.C.; HUNT, R.D.; KING, N.W. Moléstias causadas por fungos. Patologia
Veterinária. 6. ed. São Paulo: Manole, 2000. p. 537-538.
MENDLEAU, Linda; HNILICA, Keith A. Micoses cutâneas. Dermatologia de pequenos
animais. São Paulo; Roca, 2003. p. 51-52.
TABOADA, J. Micoses sistêmicas. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de
medicina interna de pequenos animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2004. vol.1; p.
497 - 499.
KWON-CHUNG, K.J.; BENNETT, J.E. Sporothrichosis. In: RIPPON, J.W. Medical
mycology. Philadelphia: Lea & Fibeger, 1992. p. 707- 729.
IKEDA, F.; OTSUKA, M. Esporotricose o mau das garras Nosso Clínico. n. 17, p.8-10,
set/out 2000

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